O tempo passou com uma violência por mim, perdi algo que não
fora só uma data, perdi aquilo que não sei nem mesmo dizer o que é. Faço
ausente para tantos e até para mim, quem sou eu mesmo? A própria loucura que
encaro todo dia? Será que cai nas teias de minhas ocupações? De estresses que
uma lista tão seleta de amigos que conseguiriam me entender?
Hoje percebi do que tanto me esquivo. Sou um fugitivo de
mim. Corri tanto para ficar em paz, que tortamente isso me levou a buscar a uma
espécie de “momento a só”. Alguns de meus
grandes amigos estão longe. Preciso apenas do que então? Os trazer de volta?
Aproximar? Estou morto demais para isso. A teia é tão fina, mas ainda me segura
tão bem... É incrível como é confortável a espera da morte. Ela desfila e aos
poucos nos leva da aparência, da personalidade, de alguns hábitos e de nós
mesmos.
Hoje vejo que poucos estão com tamanha destreza pra entender
que o mundo está como uma faca. CORTE-ME! E me ensine a me dividir. Em quantos
amigos quiserem de mim alguma parte. Alguém arranque de mim o medo de me perder
em tantos outros. Pois novamente já estou aqui confessando que recém me achei.