domingo, 26 de agosto de 2012

Façamos um brinde


Antes de fazer-lo quero dizer algo sobre a palavra brinde. “Brinde” na nossa língua pode ser verbo ou sujeito e ambas tem um significado, agradecer, quando a palavra brinde é verbo falamos: “quero fazer um brinde para...” começamos assim um agradecimento para algo com um adicional no final das palavras ditas com um brindar de copos. Quando ele é sujeito ele é transformado em objeto e podemos dizer “ganhei isso de brinde.” O brinde pode parecer superficialmente como um presente, algo que se dá para a pessoa para fazer-la comprar outra coisa. Grandes empresas têm essa visão e ela é real para quem a vê assim, mas minha visão e a minha prática, como vendedor, eu sei que ela é nada mais, nada a menos, que um agradecimento meu, que encontra em outro produto uma maneira de agradecer a compra feita pelo cliente.
Dito isso agora faço dois agradecimentos, dois brindes.
Vamos brindar primeiramente a Deus por estarmos aqui e poder agradecer, só há duas pessoas no mundo que sabem exatamente o que passamos, uma é Deus a outra somos nós mesmos. Mesmo sendo uma experiência coletiva o aprendizado é algo individual. Por mais que tenhamos algumas experiências parecidas sabemos que há detalhes diferentes e são eles que fazem cada experiência ser única. Brindo a Deus por sermos únicos.
Brindo também a todos que estão aqui, aos que aqui hoje não puderam vir, assim como todos os que passaram por nós e a todos que vão passar. Os que passaram não ficaram no passado, os que virão não estão no futuro, eles estão no presente assim como nós. Dos que passaram se ainda os lembramos os levamos conosco, se passarão e estivermos esperando também já estão conosco. Os que hoje aqui estão, amanhã podem não estar e é ai em que devemos ver a beleza e brindar-la. Um brinde ás pessoas que sabem que cada um tem um caminho a seguir, que no final todas acabam na mesma certeza da vida e que podemos caminhar algumas vezes do lado por compartilharmos um mesmo trecho deste caminho, mas não podemos forçar ninguém a ir conosco se essa pessoa tem outros sonhos, pois ao fazer isso matamos o sonho alheio. Brindo a nós pela nossa liberdade de seguir em busca de nossos sonhos.

domingo, 19 de agosto de 2012

Aprender a ser


Que sejamos como as flores, por mais solitárias, por pior que seja a sua localização, elas todos os dias mostram o seu melhor, sem medo, tentam encantar a alguma abelha para distribuir seu pólen. Que aprendamos com elas a sempre ter esperanças e buscar sermos bonitos do nosso próprio jeito, deixar nosso perfume e sermos agradáveis. Que precisamos entender que o nosso “pólen” é do mundo e não apenas nosso e ele deve ser dividido.
Que sejamos como as abelhas que procuram o pólen das flores por egoísmo e acabam descobrindo que isso faz bem ao mundo, que aprendem que o que fazem ajuda muito mais do que imaginam porque a partir da coleta do pólen é o começo da próxima geração.
Que sejamos como a lua, por mais solitária, ela consegue brilhar ao ver o Sol e isso a deixa bela, que com ela aprendemos a deixarmos nos contagiar com a luz de quem quer nos ver brilhar também. Que acreditamos em quem nos vê com potencial e se no momento não há ninguém, faça como a lua saia atrás da Terra e encontre com o Sol.
Que sejamos como o Sol, que brilha e não tem medo disso. É por isso que ele sempre é tão útil, sempre brilhando, ás vezes, castiga, outras aquece, mas sempre ilumina. Sem ele não veríamos a beleza ao nosso redor e consequentemente nas outras pessoas.
Que aprendamos a ser os dois lados, pois algum dia irá estar do outro. Hoje quem recebe pode dar, quem ajuda será ajudado, quem ama será amado, quem castiga será castigado e assim o mundo retribui.  Colhemos aquilo que plantamos, então que saibamos plantar em nós um pouco de amor próprio das flores, a busca do amor em outros das abelhas, a solidariedade da Lua que aceita a luz para brilhar e a ser um pouco do Sol, que ilumina tudo sem culpa sempre dando seu melhor.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Carta de derrota


Escrevo por meio desta carta uma síntese da minha derrota.
A meu ver só existe derrota quando desistimos, falar que eu desisti é difícil de assumir, mas é verdade. Desisti por alguns fatores: dei o meu melhor e não foi suficiente; o que a meu ver me faltou (posso estar errado, mas) realmente não terei como conseguir neste momento e nem mesmo em um curto período; em alguns messes envelheci alguns anos;
Não existe batalha se não há oponente, não podemos vencer um jogo para duas pessoas estando sozinho. Quando desistiram de mim tentei, não houve resultados diferentes de lágrimas. Enquanto tentei tive chance, mas elas diminuíram me cansaram muito. Tive insônia, milhões de dúvidas, medos bobos (muitas vezes ridículos) e me senti infeliz comigo.
Nesses anos (alguns messes) aprendi muito, muitas vezes usei os estudos para ocupar meu tempo. Aprendi e descobri muitas coisas, hoje muitas delas são tão úteis que me dão forças para escrever o que você agora lê.
Não sei e nem mesmo saberei se estou desistindo na hora certa, porque certo ou errado são apenas questão de valores variados, mas hoje me olho e reconheço que estive no chão e dele não passei (estou vivo) e como não quero nele permanecer vou me levantar, escrevi isso apenas para situar mais ou menos o que penso sobre um pouco do que passei, mas que vou superar.
PS. Que o vento leve esta carta a quem gostaria que a lesse.

domingo, 12 de agosto de 2012

Dois medos


Começou o nascer do sol, sentou em uma calçada e por lá ficou vendo-o. Aproveitou para descansar. Tirou os tênis e fez uma massagem em seus pés, estava feliz por não sentir nenhuma dor, sentia se bem, sentia-se vivo. Não sabia que aquele momento o faria chorar antes de chegar ao fim.
Olhava o Sol subindo e ele ficava lá sentado, seu corpo pedia que continuasse, mas seus olhos queriam demais aproveitar aquele espetáculo da natureza e decidiu ficar. Do seu lado senta um homem de aparência cansada pelo tempo, com alguma idade entre os 50 e perguntou a ele:
- Me diga rapaz, por que motivo esta a esta hora da manhã acordado vendo o céu na minha calçada? – Não o olha na cara e sim ao Sol.
- Vou a um lugar longe e decidi parar um pouco para descansar e ver o Sol. – falou sem medo e tentando esconder aonde ia e o porquê.
O homem riu e depois não falou mais nada, o jovem não se sentia bem perto dele, de certo modo estava com medo, mas não queria demonstrar. Quando pensou em se levantar o homem tornou a falar:
- Hoje vejo nas pessoas dois medos: o de estar só e o de estarem com pessoas que não conhecem. As primeiras têm medo de se conhecerem, pois é somente na solidão que a nossa cabeça funciona melhor, os artistas não podem ter medo da solidão e se tiverem, quando ficarem sozinhos correm para o seus papeis em branco e fazem um pouco de sua arte, mas isso apenas para fugir da solidão. As segundas têm medo de mostrarem quem são, tem medo de descobrir quem as outras são e tem  medo de arriscar. Quando o homem não consegue se relacionar ele vai perdendo sua própria identidade, somos feitos de outras pessoas, o nosso caráter, jeito de pensar e falar. Tudo o que fazemos tem algo de outra pessoa, somos como uma colcha de retalhos, cada pessoa que passa por nós nos oferece muitos retalhos e nós costuramos aqueles que mais gostamos da outra pessoa. E isso faz de nós únicos.