Começou o nascer do sol, sentou em uma calçada e por lá
ficou vendo-o. Aproveitou para descansar. Tirou os tênis e fez uma massagem em
seus pés, estava feliz por não sentir nenhuma dor, sentia se bem, sentia-se
vivo. Não sabia que aquele momento o faria chorar antes de chegar ao fim.
Olhava o Sol subindo e ele ficava lá sentado, seu corpo
pedia que continuasse, mas seus olhos queriam demais aproveitar aquele
espetáculo da natureza e decidiu ficar. Do seu lado senta um homem de aparência
cansada pelo tempo, com alguma idade entre os 50 e perguntou a ele:
- Me diga rapaz, por que motivo esta a esta hora da manhã
acordado vendo o céu na minha calçada? – Não o olha na cara e sim ao Sol.
- Vou a um lugar longe e decidi parar um pouco para
descansar e ver o Sol. – falou sem medo e tentando esconder aonde ia e o porquê.
O homem riu e depois não falou mais nada, o jovem não se
sentia bem perto dele, de certo modo estava com medo, mas não queria
demonstrar. Quando pensou em se levantar o homem tornou a falar:
- Hoje vejo nas pessoas dois medos: o de estar
só e o de estarem com pessoas que não conhecem. As primeiras têm medo de se
conhecerem, pois é somente na solidão que a nossa cabeça funciona melhor, os
artistas não podem ter medo da solidão e se tiverem, quando ficarem sozinhos
correm para o seus papeis em branco e fazem um pouco de sua arte, mas isso apenas para fugir da solidão. As segundas têm medo de mostrarem quem são, tem medo
de descobrir quem as outras são e tem
medo de arriscar. Quando o homem não consegue se relacionar ele vai
perdendo sua própria identidade, somos feitos de outras pessoas, o nosso caráter,
jeito de pensar e falar. Tudo o que fazemos tem algo de outra pessoa, somos
como uma colcha de retalhos, cada pessoa que passa por nós nos oferece muitos retalhos e
nós costuramos aqueles que mais gostamos da outra pessoa. E isso faz de nós
únicos.
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