segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

EMBATES

Capítulo 3
1 § Não foi só ele, o mundo morreu mesmo. São poucas às vezes que tento não evitar alguns embates. Na academia eu conheci um cara, Ele não costumava participar de tudo. Depois que ele começou eu entendi o porquê disto. “Há sempre uma pergunta a ser feita para algumas pessoas… elas ouvem o que dizem? Pois tenho certeza que pensar antes de dizer não o fazem.” Essa frase, uma vez dita por ele, eu a via na face do sujeito toda vez que uma questão ou comentário imbecil era posto. Ele foi meu professor por um bom tempo e às vezes eu o tomo por referência. Temos idades tão próximas que poucas vezes nos tocamos disso. Estou velho, ao menos eu acho, ele não, ele voa, entra em discussões acaloradas apenas para alfinetar alguém. O cara é pontual, se ele perceber alguma besteira o rosto dele pinta um riso e se a boca entreabrir se mantendo por algum tempo, tema. Eu já vi um raio cair e abrir o solo com violência. Não senti tanto nervosismo com o raio do que quando vejo o clarão dos dentes daquela boca. Pensem, caros leitores, ele anuncia e seu raio é devastador. Teve momentos que presenciei um homem perder toda a sua estima perante um grupo por causa dele. Ele abriu a boca e com uma lógica seca, uma retórica afiada e uma calma tempestuosa fez elogios ao dito homem. Quando o homem se sentiu engrandecido e tomou para si cada elogio. Eu já senti o que vinha e não queria ver aquilo acontecendo. Era como ver uma cobra sufocando o animal pelo pescoço e o animal feliz pela nova gravata. Cada elogio uma armadilha mais vil que a anterior. O infeliz era tão coitado que após se ver no solo ainda agradeceu pelos elogios. Ali no solo eu o derrubei de forma mais vil. Ele não esperava isso.

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