sábado, 24 de dezembro de 2016

VEM EM GOTAS

2 § O dia era cínico e o meu humor não. Eu o escolhi a dedo. O meu inimigo íntimo. o único que conseguiu me derrubar. O primeiro de seu nome. Acreditem ou não ele decidiu me ler. Então depois de uma das que tanto prestigiei ter me abandonado sem ler o primeiro parágrafo (e eu escrevendo tudo aquilo para ela), ele o faz apenas para me desprezar. Então o desprezarei aqui também, mas notem eu já o lia. Tive algumas visitas dele em dias chuvosos. O desgraçado carrega uma dor, que em sua fala contagia o ambiente. parece ruim? Ele consegue ser pior. Prepara o terreno, coloca uma música, fala sobre algo belo e quando vê ele está na frente do espelho… Os dentes… Caio… Ele não ri, nem sorri, apenas me abana e se despede. O que fica de mim é chão. É detrito de um ser que se desconhece. Sento na soleira da porta e aprecio a chuva. Não nego que ele entre em minha morada, preciso dele, pois se eu não conseguir o derrubar como me derrubarei a mim mesmo? Já é segunda feira e a chuva me arranca a paz.  O inimigo que fique em segundo plano, eu já sabia desta chuva a uma semana. Um outro detalhe, tive de parar de jantar, o dinheiro começou a ficar mais escasso que o normal. Como tinha alguns animais para alimentar, como o cara de cueca que dança na sala em dias de chuva. Fiz essa opção. Algo que não contei do meu inimigo ele sofre com a possibilidade de sua morte. A cabeça dele está se degradando. Ele me contou uma de suas alucinações, entretanto ele as conta como se fossem sensacionais (e são). Dou razão a ele quando fala que será um corpo que a mente não existirá. “Eu movo o mundo por desespero de deixar um pouco de mim nele.” E ainda assim quero derrubar ele, sem pena nenhuma.

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